Entrevista: Tiago Moraes da Ovni Studios (parte 2)
Confira a segunda e última parte da entrevista com Tiago Moraes da Ovni Studios.
Sobre os jogos de vocês, apresente o que vocês já fizeram
Tiago Moraes: Trabalhamos com advergames também, mas é mais para que a gente possa sobreviver. Como é serviço, ele só entra em produção quando já tem um negócio fechado com o cliente. Temos uma política de só trabalhar com algo que seja importante para filosofia da empresa, pra gente olhar o nosso portfólio no futuro e ver que teve algo interessante. Foram três serviços: o projeto do Tang, que foi para um evento só, em que exploramos bastante os recursos do Wiimote, com sensor de movimento e tal. Tínhamos interesse em colocá-lo no Nintendo Wii, mas não deu certo por causa de todo esse filtro. Foi rodado em um PC mesmo, mas com controle do Wii com Wii Motion Plus. Depois dele veio o Fiat Uno Race, para iPhone, que é um joguinho bem divertido e completo, embora seja um serviço. Tem integração com rede social, achievements… tem bem cara de produto mesmo. Está disponível de graça na App Store. Aí veio o jogo do Copa Placar, para a Editora Abril, um jogo de futebol pra iPhone, iPad e browsers. É bem divertido também, tem um gameplay diferenciado: não é muito parecido com simulador, tem uma jogabilidade mais arcade. Nós exploramos a interface tanto do iPhone como do iPad para simplificar o gameplay, para que os jogadores conseguissem se divertir mais, em vez de oferecer um gameplay adaptado como em FIFA, Winning Eleven ou Real Soccer. Mesmo os jogadores que jogam FIFA e WE se divertiram mais com esse gameplay diferente do que jogando uma versão adaptada destes dois. Sobre o Dodgeball, é nosso primeiro produto e que tanto nos orgulha. Por mais que nós tenhamos publicado outros aplicativos, é frustrante não ter categoria jogos na App Store do Brasil. Hoje já está disponível em todas as seções de games da App Store no mundo inteiro, mas tivemos de trocar a categoria. No fim, esse jogo foi muito mais um laboratório do que um o projeto que a gente esperasse retorno financeiro
Tem mais novidade vindo por ai?
Tiago Moraes: Sim, estamos quase terminando o port dele (Dodgeball) para iPad, o que serviu principalmente para estabelecer contato com as principais publishers, e já estamos desenvolvendo dois outros projetos. É muito difícil apresentar um projeto pronto para o publicador e ele querer publicar, é preciso que eles acompanhem desde o início para fazerem considerações e o jogo esteja adequado - afinal, é o nome deles que está em jogo. O Dodgeball a gente não publicou por nenhum publisher para que a gente sentisse esse mercado do “self-publishing”, e mesmo com muito esforço nós vimos que não é o melhor caminho. Há muita concorrência, então estamos com esses contatos para que os próximos projetos sejam publicados por eles.
Rolou a Campus Party recentemente, e entre os gamers, teve um pessoal que desenvolvia também. Em uma das palestras, foi dito: “tomem cuidado que vocês vão enfrentar muitas dificuldades”. Você tem uma dica para quem está desenvolvendo jogo no Brasil?
Tiago Moraes: É saber o que quer, isso é o principal. Hoje em dia há muitas empresas, muitas vagas, então é preciso saber o caminho que se deseja trilhar para não pegar o caminho errado. Desde a escolha da ferramenta, pensar com carinho em Facebook, iPhone e Android, e finalizar o projeto, que é o que diz muito sobre a empresa. Poucas pessoas conseguem finalizar, por mais que seja um projeto simples. Finalizar ajuda bastante na hora de encontrar emprego ou falar com um publicador.
Mais algum recado?
Tiago Moraes: A iniciativa do portal de vocês é interessante, parece que vai ser um canal muito legal dos jogos desenvolvidos aqui no Brasil. Não existe alguém que dê uma atenção especial pros jogos desenvolvidos aqui, que comece essas iniciativas de falar sobre o desenvolvimento nacional. Nós somos carentes de um canal especializado que fale de jogos feitos aqui, e com isso a gente passa a ter um canal para investir, soltar releases e não só olhar para fora. Essa barreira está caindo e a gente precisa desse canal de imprensa especializada, para que consigamos trabalhar com foco no Brasil.